A presença das inteligências artificiais (IAs) na escrita científica é um fenômeno incontornável. Negar seu uso significa desconhecer o modo como a tecnologia já atravessa a produção, circulação e legitimação do conhecimento científico. Este artigo discute a necessidade de aprovação e legitimação crítica do uso de IAs na escrita científica, argumentando que a integração dessas ferramentas não é apenas inevitável, mas epistemologicamente necessária. Com base em estudos recentes e em reflexões advindas de publicações do autor sobre inclusão, formação docente e universidade, defende-se que o uso responsável da IA pode democratizar a produção científica, ampliar o acesso ao conhecimento e exigir novas posturas éticas de autoria e responsabilidade. O texto, de natureza ensaística e reflexiva, propõe que compreender a tecnologia é também compreender a própria ciência em tempos digitais, na medida em que a escrita, mediada por algoritmos, se torna lugar de tensão entre humano, máquina e conhecimento.