GENTRIFICAÇÃO VERDE NAS CIDADES BRASILEIRAS: CONTRADIÇÕES ENTRE SUSTENTABILIDADE URBANA E JUSTIÇA SOCIOESPACIAL
Renato Ferreira Lemos da Silva
Resumo
O presente artigo analisa criticamente as dinâmicas de gentrificação verde no contexto das cidades brasileiras, com foco nos impactos sociais e territoriais de políticas públicas voltadas à requalificação ambiental. A partir de uma revisão teórica e da análise de três estudos de caso – São Paulo, Recife e Porto Alegre – discute-se como projetos urbanos pautados pelo discurso da sustentabilidade podem atuar como vetores de valorização imobiliária e exclusão socioespacial. Observa-se que, embora essas intervenções busquem promover melhorias ambientais e urbanas, muitas delas contribuem para o deslocamento indireto de populações de baixa renda, em função do aumento dos custos habitacionais e da transformação do perfil socioeconômico das áreas requalificadas. O artigo sustenta que a sustentabilidade urbana, quando desvinculada da justiça social, pode reforçar desigualdades históricas e aprofundar processos de segregação. Com base nos casos analisados, propõe-se um modelo de planejamento urbano que integre critérios ambientais, habitacionais e participativos, garantindo o direito à permanência das populações locais e valorizando os saberes e práticas sustentáveis já presentes nos territórios populares. A pesquisa conclui que uma sustentabilidade urbana efetiva deve ser construída sobre os pilares da equidade territorial, da participação cidadã e do reconhecimento das múltiplas formas de habitar a cidade.
Palavras-Chave:
Gentrificação verde; Sustentabilidade urbana; Exclusão socioespacial; Justiça ambiental; Planejamento urbano.






