O Transtorno do Espectro Autista (TEA) constitui uma condição multifatorial do neurodesenvolvimento, caracterizada por perturbações qualitativas e quantitativas na reciprocidade socioemocional, na comunicação verbal e não verbal, bem como pela presença de comportamentos estereotipados, interesses restritos e inflexibilidade cognitiva. Considerando a ampla variabilidade fenotípica e as necessidades educacionais específicas associadas ao espectro, impõe-se a elaboração de intervenções pedagógicas individualizadas que atendam, de maneira sistemática e responsiva, às demandas singulares de cada discente. Nesse panorama, a Análise do Comportamento Aplicada (ABA – Applied Behavior Analysis), enquanto ciência derivada dos princípios do behaviorismo radical, evidencia-se como uma abordagem metodológica robusta, sustentada por um extenso corpo de evidências empíricas, que subsidia práticas educacionais funcionais, éticas e efetivas no contexto da educação inclusiva. Este artigo tem por escopo analisar, sob uma perspectiva crítica e técnico-científica, a aplicabilidade da ABA baseada em evidências na formulação de Planos de Ensino Individualizados (PEIs) destinados a alunos com TEA, discutindo seus fundamentos epistemológicos, sua arquitetura metodológica e seus desdobramentos práticos no ambiente educacional. A partir de uma revisão narrativa da literatura especializada, com ênfase em publicações indexadas em bases de dados reconhecidas (Scopus, PubMed, SciELO, entre outras), investigam-se os elementos constitutivos do PEI e a interface com os procedimentos analítico-comportamentais, tais como o ensino por tentativas discretas, o encadeamento de tarefas, o reforçamento diferencial e a análise funcional do comportamento. Os achados apontam que a utilização criteriosa da ABA permite não apenas a definição de metas educacionais mensuráveis e socialmente significativas, mas também a sistematização de intervenções instrucionais com base em dados, favorecendo a tomada de decisões pedagógicas fundamentadas e responsivas ao progresso individual do aluno.
Conclui-se que a articulação entre os princípios da ABA e a estrutura pedagógica do PEI, representa um recurso imprescindível para a construção de trajetórias educacionais inclusivas, eficazes e eticamente orientadas, promovendo o desenvolvimento integral de crianças com TEA, a maximização de seu repertório comportamental e sua efetiva participação no contexto escolar. A presente discussão reforça, portanto, a necessidade de políticas públicas e formações docentes que valorizem práticas baseadas em evidências no campo da educação especial e inclusiva.