Este artigo analisa os impactos das mudanças climáticas nas periferias urbanas brasileiras e discute as políticas públicas voltadas à adaptação climática com foco na justiça socioespacial. A partir de uma abordagem crítica da geografia urbana, investiga-se como os eventos extremos — como enchentes, ondas de calor e deslizamentos — afetam de maneira desproporcional os territórios periféricos, evidenciando a reprodução das desigualdades históricas no contexto da crise ambiental. O estudo apresenta e discute as recentes iniciativas do poder público, com destaque para o edital Periferias Verdes Resilientes, lançado em 2025 pelos ministérios das Cidades e do Meio Ambiente, que destina recursos para projetos de Soluções Baseadas na Natureza (SBN) em comunidades vulneráveis. Além disso, são examinados os processos participativos conduzidos no âmbito do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças do Clima e os desafios estruturais da sua implementação. A hipótese central é que, embora haja avanços na formulação de políticas de adaptação, sua efetividade permanece limitada por entraves financeiros, institucionais e de governança participativa. Conclui-se que uma adaptação urbana justa requer o fortalecimento das redes comunitárias, a integração entre políticas sociais e ambientais, e a consolidação de mecanismos permanentes de financiamento e participação. O artigo busca contribuir para a construção de uma agenda de adaptação climática democrática, eficaz e territorialmente sensível.