Este artigo tem como objectivo evidenciar o pensamento filosófico africano presente no Ondjango. Ele reflecte sobre o Ondjango enquanto uma referência antropológica, política, social e cultural africana esquecida e, por via disso, ignorada. Apresenta uma síntese que demonstra algumas especificidades da filosofia social e política africana, a partir de noções utilizadas na tradição oral do Ondjango, por traduzirem a maneira de estar e de pensar de alguns povos bantu, a saber: centralidade demonstra que o ser humano se revela, simultaneamente, como indivíduo e comunidade; circularidade valoriza o indivíduo e aposta na proximidade em relação aos demais e na igualdade; solidariedade expressa direitos e deveres fundamentados na pertença do indivíduo à comunidade, na partilha e na fraternidade entre os membros; reciprocidade comprova uma relação dialógica; hospitalidade constitui o campo magnético do pensamento do Ondjango, posto que expressa o bem que orienta os membros pertencentes à mesma comunidade. Estas noções sublinham a unidade do pensamento do Ondjango. Outrossim, o artigo pretende expandir o pensamento do Ondjango a um público mais amplo, de modo a contribuir para o conhecimento da filosofia africana contida nesta realidade. Esta é uma das possibilidades de pensar filosoficamente a partir do interior das sociedades africanas, na consciência das suas metamorfoses, sem, de modo algum, descurar o espaço necessário da liberdade crítica.