No Brasil e boa parte do mundo a educação é vista como uma tarefa feminina, seja na educação doméstica, seja na educação formal. Nesta última, apenas no ensino superior que a participação feminina não é tão ampla, e coincidentemente é no ensino superior que a renda docente é mais alta. Assim, levantamos a reflexão sobre a relação entre a docência, gênero e a renda dos docentes, bem como com suas relações de trabalho. Neste sentido, tivemos como objetivo geral discutir como a precarização do trabalho docente no período de pandemia foi percebida por professoras da educação básica, considerando os recortes de classe e gênero. Após uma revisão bibliográfica com o tema proposto, percebeu-se que no período de quarentena com aulas EAD as professoras enfrentaram muitas dificuldades relacionadas à falta de capacitação para as atividades laborais e dificuldades em administrar o tempo entre docência e tarefas domésticas durante o home office. A falta de capacitação pode ser um reflexo de um longo processo de sucateamento da educação no Brasil, e a sobrecarga com tarefas domésticas é vista como um problema de mulheres que trabalham ou não com renda remunerada. Ao fim, compreende-se que as relações de gênero estão diretamente ligadas à sobrecarga da mulher e da precarização do trabalho docente, o que levanta a necessidade de ampliar discussões sobre o tema e direcionar pesquisadores e sociedade à propostas de intervenções resolutivas à esta questão.