DA GERAÇÃO “COCA COLA” A GERAÇÃO “NEM – NEM”:DESAFIOS E INCERTEZAS NA CONSTRUÇÃO NOVOS TEMPOS
Rodrigo de Macedo França
Somos o futuro de uma geração, advinda entre a década de 60 e a década de 80, criada e preparada para o futuro. Um futuro incerto, cheio de mistérios e dúvidas que amedrontavam e imobilizavam as práticas, pensamentos e ações das famílias que tinham seus filhos neste período. O medo se fazia presente pelas incertezas criadas a partir dos grandes eventos políticos e sociais, dos fenômenos naturais, das transformações e evoluções humanas, dos mitos e inverdades populares e da insegurança do desconhecido – futuro. Ouvimos falar do fim do mundo, das máquinas e tecnologias substituindo o ser humano no mercado de trabalho; das doenças infectuosas que se alastrariam cada vez mais; da violência e opressão que se instauraria no país com mais ferrenha força da que já viviam há anos com a ditadura militar; da invasão dos alienígenas na terra, tendo em vista que o homem já havia pisado na lua e a aproximação dele com universos se estreitara; do bebê de proveta, destacando-se na conquista da medicina brasileira; do buraco na camada de ozônio – afetando o clima do mundo; do maior desastre nuclear do mundo na cidade de Chernobil; do cometa Harley que apareceu no céu, enfim, muitas situações que deixaram a humanidade impressionada e, de certa forma, amedrontada com tantas informações, acontecimentos e transformações no universo e nas relações humanas. Nessa perspectiva, a geração dos anos 80 ou “Geração Coca-Cola” , à qual foi batizada inspirada na música de Renato Russo – cantor de grande auge do momento, teve uma criação dotada por experiências de vidas “realistas” e “concretas”, pautadas, em termos gerais, na ética, na moral, no respeitos aos pais e mais velhos; nas práticas e relações familiares proximais – no ato de pedir a bênção, do ouvir e respeitar quando pessoas de maior idade falam, no respeitar as regras e orientações – obediência aos pais; na necessidade de trabalhar para conquistar os objetivos almejados e na obrigação de estudar para garantia de uma vida melhor; ideologias políticas afloradas; relações humanas humanizadas. Essas e outras práticas da geração nascida entre a década de 60 e 80 é citada de forma afirmativa, levando em consideração o que se ouve e se comenta nos espaços e momentos propícios para reflexão e testemunho das experiências vividas pelos frutos da época – os “velhos” de hoje, os mais experientes, os vividos. Claro que temos que levar em consideração também, que nada pode ser considerado com único e pronto, uma verdade absoluta ou que nesse período não tenham ocorrido situações e pessoas com práticas contrárias as que apresento nesta pesquisa. Para além de tentar definir o que foi ou o que é; o que estava ou está certo, é importante refletir qual visualização e concepções temos e criamos da sociedade nesse momento de sua história, num traçado linear que nos levará à reflexão entorno da década atual e sua geração, citada pela autora Zélia Nolasco Freire, como geração “nem-nem” – nem estudam, nem trabalham, nem são independentes, e nesse movimento, comparando-as para tecer uma avaliação e reflexão crítica do que fomos ontem, do que somos hoje e do que seremos amanhã. Baseado no contexto: Geração Coca-Cola e Geração nem-nem, buscamos estabelecer uma relação reflexiva dos dois universos que tantos se aproximam e ao mesmo tempo se distanciam, causando um incômodo provocativo e produtivo em cada um de nós, para que, ao tomarmos conhecimento de fatos, situações e práticas cotidianas – para muitos, clara e evidente aos olhos, mas para outros, oculta diante dos mesmos, possamos nos mobilizar em um sistema de interiorização e cognição para avaliação crítica de nossas posturas pessoais, práticas e culturas sociais, na busca de uma transformação capaz de influenciar e mudar os rumos das gerações futuras, já que a atual, está contaminada pelo “vírus” da individualidade, do egoísmo, da insociabilidade e desumanidade.
RESUMO:
Palavras-Chave:
Geração Coca-Cola; Geração nem-nem; Desafios do século; Geração sem perspectiva.
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